Os tambores de cá ressoam como os de lá
Assisti ontem, com espetacular prazer, a apresentação da peça "No Mama - Frutos da mesma árvore" do Grupo do Teatro do Oprimido Bissau, da Guiné-Bissau; dentro da Conferência Internacional do Teatro do Oprimido, no Teatro da Caixa Econômica Cultural.
A encenação cumpriu seu papel dentro da proposta do Teatro do Oprimido, quando apresentou uma narrativa com o conflito exposto e aguardou a intervenção do público para alterar seu fim, propondo-lhe novas perspectivas, novos desfechos e um outro proceder para as questões que se apresentam - questões essas secularíssimas, da relação opressor-oprimido.
Faz-nos pensar, que colocadas as devidas proporções culturais, o cerne da questão, calcado nas relações de poder; são de fato universais, pois do humano. Verificando-se, neste caso, que como os africanos, os tambores de cá ressoam como os de lá.
Assim, o público reagiu as provocações, impondo-lhe interferências na trama, propondo novas condições, tudo como era o objetivo de Augusto Boal - mantendo seus ideais vivos e pulsantes apesar de sua ausência.
Um acento deve ser observado, no cuidado do grupo à sua performance; quando no apuro, principalmente, da delimitação do espaço cênico; onde um boabá estilizado, pesado e leve - pois todo feito em tecidos e cordas foi cirúrgico na circunscrição da ação à terra natal do grupo, ajudando que a família tribal africana se situasse para a platéia.
Música, canto e dançam também merecem comentários, uma vez que em si, constituíram um espetáculo à parte. Foram ganhos dados em bom tom e tempo, bem justapostos na trama, ajustando-se mais ainda a percepção do tribal.
Hoje, quarta-feira, 22 de julho, outro grupo se apresentará dentro desse Fórum do T.O. - Grupo de Teatro do Oprimido Êta Nóis, de Anápolis, Goiás, com o espetáculo "Invasão"; às 20:30h no Teatro de Arena da Caixa Cultural RJ - Av. Almirante Barroso 25, Centro. Ingressos: R$10,00 inteira e R$5,00 meia. Imperdível!
Mais informações sobre a Conferência Internacional do Teatro do Oprimido, neste blog, no dia 3 de julho.
Emerson Menezes